IMPACTOS DO COVID-19 NA ECONOMIA GLOBAL E NO COMÉRCIO EXTERIOR DOS ESTADOS DO PARANÁ, SANTA CATARINA E RIO GRANDE DO SUL
Os prejuízos causados pela pandemia do
coronavírus à economia são muito preocupantes, principalmente no que diz
respeito ao comércio internacional. De acordo com estudos divulgados pela
Organização Mundial do Comércio[1], haverá uma queda entre
13% e 32% na atividade econômica em 2020. O órgão internacional acrescentou
ainda que não há como prever exatamente os prejuízos, eis que a situação não
tem precedentes recentes, apesar de que os especialistas acreditam que o
declínio da economia global deverá superar o ocorrido na crise financeira
mundial de 2008[2].
O comércio internacional havia
desacelerado no ano de 2019, mesmo antes da pandemia se concretizar, por conta
de algumas tensões, tais como a disputa comercial entre os Estados Unidos e a
China, a questão do Brexit na União Européia, entre outras, como as tensões causadas
pelo Irã, que afetaram diretamente o mercado de petróleo e a queda nas
atividades comerciais internacionais por parte dos países em desenvolvimento da
América Latina.
O comércio internacional de produtos
registrou um pequeno declínio, de 0,01%, em 2019, depois de ter crescido 2,9%
em 2018. O comércio de serviços, por sua vez, aumentou 2% em 2019, apesar de
ter tido um acréscimo de 9% em 2018. A perspectiva era de que a economia global
se estabilizasse em 2020 e voltasse a crescer, mas a pandemia do coronavírus
“puxou o tapete” do mercado global.
Com o impacto causado pelo COVID-19, tal
como houve na crise financeira de 2008, os governos foram obrigados a intervir
na economia para evitar o colapso, com políticas monetárias e fiscais, mas as
restrições de deslocamento, aliadas ao distanciamento social, importaram na
falta de mão de obra para as manufaturas, além de provocar crise no setor de
transporte, viagens, hotéis, restaurantes, comércio, turismo.
Num cenário mais otimista a economia
deverá se restabelecer após um declínio de 12,9% em 2020, mas com efeito
positivo somente a partir de 2021, com acréscimos que poderão chegar a 21%.
Note-se que estes números, caso venham a acontecer, estarão longe de demonstrar
crescimento, uma vez que irá se tratar apenas do restabelecimento da economia a
patamares anteriormente registrados.
Tomando-se o contexto num cenário
pessimista a economia global deverá sofrer queda de 31,9% em 2020, podendo se
restabelecer apenas 24% em 2021, o que certamente provocará enormes prejuízos a
todos os setores, estejam eles ligados diretamente ou indiretamente à atividade
comercial internacional.
No Brasil, levando-se em consideração as
informações obtidas no “comexstat” dos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, no que diz respeito às operações de comércio exterior,
verificou-se que, comparando-se com o ano anterior (2019), a pandemia tem
causado prejuízos.
Quadro demonstrativo sobre as exportações
O Estado do Paraná exportou em janeiro de
2019 o equivalente a US$ 1.216.687.435, mas em janeiro de 2020 US$ 980.170.742,
ou seja, houve uma queda de 24% em relação ao ano anterior. Note-se que neste período
do ano de 2020, a China, que é um dos principais compradores de produtos
agropecuários exportados pelo Paraná estava no auge dos casos de coronavírus.
No mês de fevereiro de 2019 o Paraná exportou US$ 1.201.388.260 contra US$
1.272.000.098 no mesmo mês de 2020, ou seja, houve um leve crescimento em
relação ao ano anterior, de 6%. Por sua vez, no mês de março de 2019, o Paraná
exportou US$ 1.613.385.392, enquanto no mês de março de 2020, US$
1.598.313.419, o que demonstra uma redução de 0,9%.
O Estado de Santa Catarina exportou US$
647.653.888 no mês de janeiro de 2019, contra US$ 713.458.244 em janeiro de
2020, o que demonstra um acréscimo de apenas 10%. No mês de fevereiro de 2019,
Santa Catarina exportou US$ 766.302.215, enquanto em fevereiro de 2020 US$
806.139.486, o que demonstra um acréscimo de apenas 5%. No mês de março de 2019
o Estado de Santa Catarina exportou US$ 886.341.358 e em março de 2020 US$
984.272.053, o que representa um aumento de 10%.
O Estado do Rio Grande do Sul apresentou
no mês de janeiro de 2019 US$ 2.705.732.686, mas em janeiro de 2020 apenas US$
806.184.501, o que representa uma queda de 235%. No mês de fevereiro de 2019 o
Rio Grande do Sul exportou US$ 1.004.788.630, enquanto no mês de fevereiro de
2020 US$ 849.314.161, o que representa uma queda de 18%. No mês de março de
2019, por sua vez, o Estado do Rio Grande do Sul exportou US$ 1.150.369.850,
contra US$ 1.061.606.117, o que representa uma queda de 8%.
Quadro demonstrativo sobre as importações:
Nas importações o Estado do Paraná
registrou no mês de janeiro de 2019 US$ 931.517.783, contra US$ 1.032.693.741
em 2020, ou seja, uma acréscimo de apenas 10%. No mês de fevereiro de 2019
importou US$ 977.955.138 contra US$ 826.967.757 em 2020, o que representa uma
diminuição de 18%. No mês de março de 2019 registrou importações no valor de
US$ 1.060.030.482, enquanto no mês de março de 2020 US$ 908.160.141, ou seja,
16% a menos.
As importações do Estado de Santa Catarina
no mês de janeiro de 2019 foram no montante de US$ 1.478.334.483 contra US$
1.496.189.914 em 2020, o que representa um aumento de apenas 2%. No mês de
fevereiro de 2019 as importações foram de US$ 1.320.161.459 contra US$
1.310.155.085 no mês de fevereiro de 2020, ou seja, uma redução de 0,7%. Por
sua vez, no mês de março de 2019, o estado importou US$ 1.259.672.499, enquanto
no mês de março de 2020 US$ 1.396.070.103, o que representa um acréscimo de
10%.
As importações do Estado do Rio Grande do
Sul foram de US$ 719.307.946 em janeiro de 2019 contra US$ 634.166.826 em
janeiro de 2020, ou seja, diminuíram 13%. No mês de fevereiro de 2019 US$
832.456.860, enquanto em fevereiro de 2020 US$ 454.216.906, o que representa
uma queda de 83%. No mês de março de 2019 a importação foi de US$ 783.277.756
contra US$ 573.986.751 no mês de março de 2020, o que representa uma queda de
36%.
Com certeza, podemos observar que o
comércio internacional do Brasil já foi atingido pelo impacto econômico do
COVID-19, mas os números mais alarmantes deverão surgir a partir do mês de
abril e maio, por conta da paralisação das atividades determinadas por decreto
pelo Governo.
As medidas de defesa e afastamento para se
evitar o avanço da pandemia são importantes para o bem estar de todos, tanto
que o Banco Mundial, através de um documento intitulado “The World Bank Trade
and Covid-19 Guidance Note: Managing Risk and Facilitating Trade in the
Covid-19 Pandemic”, ressaltou o papel do comércio internacional na mitigação
dos impactos do coronavírus, argumentando que os fluxos de comércio são de suma
importância para o suprimento de itens médicos e alimentos. Neste mesmo
documento destacou o Brasil como um exemplo a ser seguido no que se refere às “Melhores
Práticas”.
Não há dúvidas de que haverá uma boa
procura pelos produtos brasileiros quando a pandemia for controlada, mas é
preciso cautela para que os prejuízos à balança comercial não sejam aumentados,
castigando ainda mais a economia nacional.
[1]
Dados obtidos em: https://www.wto.org/english/news_e/pres20_e/pr855_e.htm;
[2]
Crise financeira de 2007–2008 é uma conjuntura econômica global que se sentiu
durante crise financeira internacional precipitada pela falência do tradicional
banco de investimento estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850. Em efeito
dominó, outras grandes instituições financeiras quebraram, no processo também
conhecido como "crise dos subprimes". (Wikipédia)
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