O Brasil tem
envidado esforços para efetivar o atendimento aos códigos e padrões financeiros
internacionais. Isto ocorreu como consequência de uma política de integração
internacional, principalmente depois do pedido de adesão à OCDE, em 2017. A
aceitação impõe a anuência, entre outros compromissos, a dois instrumentos,
quais sejam, os Códigos de Liberalização de Movimentos de Capital e os Códigos
de Liberalização de Operações Correntes.
Esses instrumentos
são regras para viabilizar na prática as recomendações do Comitê da Basiléia[1],
instituição internacional encarregada da discussão e formulação de
recomendações, para a regulação prudencial e cooperação, para a supervisão
bancária. As recomendações buscam fomentar boas práticas para regulação e
supervisão, visando a estabilidade financeira internacional.
O Banco Central
do Brasil é membro do Comitê da Basileia desde o ano de 2009 e trabalha no
sentido de estabelecer no país as recomendações para efetivação da convergência
financeira.
Esta
convergência está arraigada em três principais recomendações, descritos como
Basileia I, II e III. No primeiro tratou-se de realizar uma introdução ao
requerimento mínimo de capital para a cobertura do risco de crédito, o chamado
índice de Basileia, que estabelece a relação entre o patrimônio de referência
de uma instituição financeira e o valor dos ativos ponderados pelo risco (Risk
Weighted Assets — RWA[2]),
conhecido também como índice de solvência ou de solvabilidade de uma
instituição financeira. No segundo houve o aprimoramento do primeiro e a
introdução de três pilares: 1º) exigência de capital para cobertura dos riscos
de crédito, tanto de mercado como operacional; 2º) obrigatoriedade de processo
de avaliação, para se averiguar o cumprimento dos requisitos prudenciais e de
adequação de capital; 3º) fomento da disciplina de mercado por meio da
divulgação de informações. O terceiro, otimizado em 2010, tratou do
aprimoramento das recomendações dos anteriores, além de reforçar os métodos de
qualidade e quantidade de capital, no intuito de aumentar a capacidade das
instituições financeiras, no que diz respeito às perdas não esperadas. Além
disso, este último, também realizou a introdução dos requerimentos de liquidez,
alavancagem e adicional de capital[3],
além de estabelecer requerimentos específicos para instituições de relevância
sistêmica[4].
A adesão do
Brasil à OCDE trará cada vez mais benefícios, tanto no campo dos investimentos
internacionais, abrindo novas oportunidades e atraindo os olhares para novos
negócios, quanto ao sistema tributário, no sentido de combater a erosão da base
tributária a transferência de lucros. Estas práticas, cumpre salientar, constituem
grave risco à saúde fiscal, à soberania tributária e à equidade tributária do
país, porque afetam o erário nacional diretamente, de maneira deveras danosa.
O Brasil
participa das reuniões da OCDE desde 1996, momento em que aderiu ao Comitê do
Aço, mas somente no ano de 2007 aderiu ao Programa de Engajamento Ampliado. Tendo
sido elevado a Parceiro Chave no ano de 2012, juntamente com a China, a Índia,
Indonésia e África do Sul, demonstrou seriedade e comprometimento com as orientações
internacionais emanadas deste órgão, o que favoreceu a assinatura do Acordo de
Cooperação no ano de 2015. A partir de então foi instituído um Plano de
Trabalho para efetivar a maior aproximação do país com a instituição,
adequando-se condutas e procedimentos às regras existentes, o que viabilizou a
solicitação de acessão a Membro Pleno, no ano de 2017.
A importância
política destes fatos demonstra que o país vem consolidando sua agenda de
reformas, o que torna clara a existência de transparência das políticas
públicas e a eficiência das transações financeiras, tanto internas quanto
externas.
Este cenário
demonstra a maturidade do Brasil no campo dos negócios, o que, aliado à
qualidade dos recursos naturais e humanos, coloca o país como uma das principais
rotas de investimento.
Não obstante a
adesão do Brasil aos padrões financeiros internacionais traz proteção contra o
tratamento discriminatório para seus investidores, principalmente para o
capital estrangeiro, além de viabilizar que as empresas brasileiras possam
buscar mercados no exterior. Oportuno acrescentar, que as empresas brasileiras
frequentemente são apontadas, dada à sua criatividade e caráter disruptivo,
como excelentes startups para se investir: “Brazil's
tech startup ecosystem will be delivering more good news in 2019 following the
major successes of local tech companies seen last year[5]”(Forbes).
O país passou por adequações e vem tornando realidade a sua posição como um seguro
e importante polo de investimento.
[2] Risk-weighted assets are used to determine the minimum amount of
capital that must be held by banks and other financial institutions in order to
reduce the risk of insolvency. The capital requirement is based
on a risk assessment for each type of bank asset. Disponível em: https://www.investopedia.com/terms/r/riskweightedassets.asp,
acesso em 30/10/2019;
[3] A capital buffer is mandatory capital that financial institutions
are required to hold in addition to other minimum capital requirements.
Regulations targeting the creation of adequate capital buffers are designed to
reduce the procyclical nature of lending by promoting the creation of
countercyclical buffers as set forth in the Basel III regulatory reforms
created by the Basel Committee on Banking Supervision. Disponível em: https://www.investopedia.com/terms/c/capital-buffer.asp,
acesso em 30/10/2019;
[4] Certain large banks are tracked and labelled by several
authorities as systemically important financial institutions, depending on
the scale and the degree of influence they hold in global and domestic
financial markets. Since 2011, the Financial Stability Board has
published a list of global systemically important banks (G-SIBs), while
individual countries also maintain their own lists of domestic systemically
important banks (D-SIBs), also known in Europe as "national SIFIs".
In addition, special lists of regional systemically important banks (R-SIBs)
also exist. Disponível
em: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_systemically_important_banks,
acesso em 30/10/2019;
[5] Disponível em: https://www.forbes.com/sites/angelicamarideoliveira/2019/01/23/2019-the-year-of-tech-startup-exits-in-brazil/#16efb03f75a3,
acesso em 30/10/2019.
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